quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Desafio não é interesse externo, mas gestão e regulação internas

Somente os investimentos em infraestrutura para realização da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016 deverão consumir cerca de R$ 80 bilhões nos próximos anos, segundo previsão de Virgílio Machado Moura, que coordena a comissão de obras públicas da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil).
Nos cálculos dele, entre 20% e 25% desse montante virão do exterior. O resto será coberto por governo e empresas locais.
O alto retorno esperado, diz Moura, deverá garantir o interesse nesses projetos. Com isso, o próximo presidente deverá ter condições de manter o fluxo de recursos necessários para financiar o deficit nas transações com o exterior.
"A posição brasileira no cenário internacional deverá se consolidar. Os marcos regulatórios no país não são os desejáveis, mas estamos amadurecendo e temos uma taxa de retorno compatível com o risco."
Para ele, os gargalos não estarão lá fora, no interesse do estrangeiro, mas aqui dentro. "Teremos de melhorar a gestão, padronizar a atuação de órgãos de fiscalização."
Presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), Humberto Barbato diz que será inevitável que o próximo governo ataque problemas estruturais.
O setor é grande importador de insumos. Cada item produzido tem cerca de 20% de componentes importados. Com isso, as exportações do segmento não cobrem as importações. O saldo negativo de US$ 17 bilhões na balança comercial do setor em 2009 deverá chegar a US$ 20 bilhões neste ano.
"Um país não pode persistir com deficit desse tamanho num setor. Mesmo sendo grandeexportador de commodities, não há como pagar esse deficit eternamente. Se o preço das commodities cair, gera um problema na balança comercial. Temos um modelo de desenvolvimento perigoso: vendemos matéria-prima e compramos produtos inteligentes."
Ele diz ainda que o setor já apresentou um plano de reversão, num período de dez anos, do deficit do segmento.

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